Faz apenas três meses que descobri sobre minha gravidez, já foram aí 25 semanas no total [descobri tardiamente], uma barriga enorme, me sentindo saudável e uma gestação tranquila. A partir desse início, parto para um resumo da ópera até o momento.
Tenho observado muito as pessoas, como elas reagem às mulheres grávidas e tenho me assustado com a falta de amor, de cuidado e com o egoísmo. Pois é, desde quando minha barriga começou a crescer e as pessoas começaram a perceber que aqui estava uma mulher grávida, com uma criança em meu ventre, tenho me surpreendido com as reações.
A primeira delas está ligada ao transporte público. Meu marido tem me levado de carro para o serviço, para evitar que eu fique muito cansada, por conta dos meus problemas vasculares e principalmente, para não me expor aos ônibus lotados no período da manhã. Isso tem facilitado muito a minha gestação, quanto menos esforço melhor, não é verdade? Já na volta, pego um ônibus e nele permaneço por uma hora e meia. Como meu ponto já é no terminal, consigo tranquilamente vir sentada, o problema inicial está na espera, onde não existem bancos para me acomodar, por direito posso entrar sem pegar a fila, assim como um deficiente ou um idoso, assim como por lei devo me sentar em qualquer lugar do ônibus, não apenas nos bancos exclusivos. Mas o que percebo é que as pessoas se incomodam com essa situação e nunca são prestativas e se sensibilizam quando percebem uma gestante ao seu lado. Não permitem que passem a sua frente, ficam bravas quando precisam ceder o lugar. O motorista e o cobrador não estão preocupados se você pode bater sua barriga em algum banco ou ferro quando levanto no momento em que preciso descer, aceleram e freiam de uma vez.
Ontem fui ao caixa eletrônico, tinha fila, perguntei ao moço se ele estava nela, o cara fez uma cara feia e afirmou com certa rispidez. Se fosse eu no lugar dele, com outra gestante ou idoso, deixaria que passasse na minha frente, mas não era eu, era ele, é isso, peguei a fila e cansei.
O que dói mais diante de toda essa situação é ouvir das pessoas que "gravidez não é doença!", dói sim. Ouvir isso de um homem não é nada surpreendente, afinal de contas, eles não sabem a sensação, não sabem as transformações físicas e emocionais que sofremos, não sabem das dores... Parece que ser mãe, estar grávida é algo errado e que se você optou por isso ou não, não tem o direito de reclamar, você tem que ficar de bico calado e assumir tudinho sem incomodar, afinal de contas existem formas de prevenir e evitar todas essas dores e mudanças, não é verdade?
O pior mesmo é ouvir mulheres reproduzindo esse discurso indelicado, dói por não existir aproximação, de se colocar no lugar do outro, a chamada empatia.
Cidadãos não sabem o significado da empatia e isso é triste demais.
Meu discurso aqui não é apenas sobre mim, falo das gestantes em geral, falo dos idosos, das pessoas com deficiência, falo sobre pessoas que não olham para outras pessoas. O olhar está interno, exclusivo, sem contato, indiferente, indelicado e isso me assusta, me espanta e tenho medo.
O segurança do banco te ver mas não te resguardar, pessoas fingirem dormir, mulheres desacolhedoras, inimigas, desumanas. Muitos lerão este texto e dirão que estou sentimental demais por conta da gravidez e eu direi que não, não é por causa da gravidez. E peço, parem de dizer isso! Esses são questionamentos que já observava a tempos e que agora tenho vivido pelo segunda vez.
Amores, mulher engravidar não é doença mesmo, graças a deus! Doente está essa sociedade desumana, isso sim! Sempre pensem em suas mãe quando forem direcionar alguma opinião sobre gestação a uma grávida, se não forem capazes de serem sensíveis, não opinem é melhor assim.
Claro que não posso generalizar e dizer que todos agem assim, não posso! Ainda tem gente boa nessa vida meus amigos e posso citar para vocês. Primeiro tem o meu marido, que se dispõe a levantar mais cedo e me levar ao serviço, que mesmo depois de cansado de um dia inteiro de trabalho chega e se precisar fazer comida, dar banho na Malu, estender roupas ele faz, faz massagens, compra alimentos saudáveis e não mostra o cansaço! Meu marido é o cara, é humano e tem olhar, enxerga o outro com respeito; Tem também a professora querida da escola onde trabalho que toda segunda me espera para me dar carona até o terminal, para que eu não precise subir as ladeiras da Vila Madalena, ela que sempre pergunta como estou, que sorri; tem o colega professor que traz salada orgânica e divide comigo na hora do almoço, que se propôs a levar comida para mim, porque percebeu a minha desorganização e falta de amor pela cozinha e quer ajudar; Tem as meninas do grupo do whatsapp que vivem com palavras de amor e incentivo, preocupadas e carinhosas; Tem meus alunos, que sempre perguntam como estou, como está o bebê e querem saber todas as informações referente a gestação! Tem gente boa nessa vida, tem. Amém! E sou muito agradecida, mas por favor sociedade... melhora vai.
Quer obter melhores informações sobre as leis que cobrem as gestantes?! Clique aqui.
Grande beijo,
Por Carol Araújo.
Aqui você mamãe de primeira, segunda, terceira e tantas outras viagens que tenha bastante ou até hoje nenhuma experiência no mundo dos bebês fará parte do meu diário de segunda gravidez e segunda pós-gravidez em conjunto com a criação da minha primogênita Malu. Malu aqui tem papel principal, então muito do que será mostrado será em torno dos sentimentos dela em relação ao irmão ou irmãzinha que está por vir.