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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

SOBRE GESTAÇÃO E EMPATIA

Faz apenas três meses que descobri sobre minha gravidez, já foram aí 25 semanas no total [descobri tardiamente], uma barriga enorme, me sentindo saudável e uma gestação tranquila. A partir desse início, parto para um resumo da ópera até o momento.
Tenho observado muito as pessoas, como elas reagem às mulheres grávidas e tenho me assustado com a falta de amor, de cuidado e com o egoísmo. Pois é, desde quando minha barriga começou a crescer e as pessoas começaram a perceber que aqui estava uma mulher grávida, com uma criança em meu ventre, tenho me surpreendido com as reações.
A primeira delas está ligada ao transporte público. Meu marido tem me levado de carro para o serviço, para evitar que eu fique muito cansada, por conta dos meus problemas vasculares e principalmente, para não me expor aos ônibus lotados no período da manhã. Isso tem facilitado muito a minha gestação, quanto menos esforço melhor, não é verdade? Já na volta, pego um ônibus e nele permaneço por uma hora e meia. Como meu ponto já é no terminal, consigo tranquilamente vir sentada, o problema inicial está na espera, onde não existem bancos para me acomodar, por direito posso entrar sem pegar a fila, assim como um deficiente ou um idoso, assim como por lei devo me sentar em qualquer lugar do ônibus, não apenas nos bancos exclusivos. Mas o que percebo é que as pessoas se incomodam com essa situação e nunca são prestativas e se sensibilizam quando percebem uma gestante ao seu lado. Não permitem que passem a sua frente, ficam bravas quando precisam ceder o lugar. O motorista e o cobrador não estão preocupados se você pode bater sua barriga em algum banco ou ferro quando levanto no momento em que preciso descer, aceleram e freiam de uma vez.
Ontem fui ao caixa eletrônico, tinha fila, perguntei ao moço se ele estava nela, o cara fez uma cara feia e afirmou com certa rispidez. Se fosse eu no lugar dele, com outra gestante ou idoso, deixaria que passasse na minha frente, mas não era eu, era ele, é isso, peguei a fila e cansei.
O que dói mais diante de toda essa situação é ouvir das pessoas que "gravidez não é doença!", dói sim. Ouvir isso de um homem não é nada surpreendente, afinal de contas, eles não sabem a sensação, não sabem as transformações físicas e emocionais que sofremos, não sabem das dores... Parece que ser mãe, estar grávida é algo errado e que se você optou por isso ou não, não tem o direito de reclamar, você tem que ficar de bico calado e assumir tudinho sem incomodar, afinal de contas existem formas de prevenir e evitar todas essas dores e mudanças, não é verdade?
O pior mesmo é ouvir mulheres reproduzindo esse discurso indelicado, dói por não existir aproximação, de se colocar no lugar do outro, a chamada empatia.
Cidadãos não sabem o significado da empatia e isso é triste demais.
Meu discurso aqui não é apenas sobre mim, falo das gestantes em geral, falo dos idosos, das pessoas com deficiência, falo sobre pessoas que não olham para outras pessoas. O olhar está interno, exclusivo, sem contato, indiferente, indelicado e isso me assusta, me espanta e tenho medo.
O segurança do banco te ver mas não te resguardar, pessoas fingirem dormir, mulheres desacolhedoras, inimigas, desumanas. Muitos lerão este texto e dirão que estou sentimental demais por conta da gravidez e eu direi que não, não é por causa da gravidez. E peço, parem de dizer isso! Esses são questionamentos que já observava a tempos e que agora tenho vivido pelo segunda vez.
Amores, mulher engravidar não é doença mesmo, graças a deus! Doente está essa sociedade desumana, isso sim! Sempre pensem em suas mãe quando forem direcionar alguma opinião sobre gestação a uma grávida, se não forem capazes de serem sensíveis, não opinem é melhor assim.
Claro que não posso generalizar e dizer que todos agem assim, não posso! Ainda tem gente boa nessa vida meus amigos e posso citar para vocês. Primeiro tem o meu marido, que se dispõe a levantar mais cedo e me levar ao serviço, que mesmo depois de cansado de um dia inteiro de trabalho chega e se precisar fazer comida, dar banho na Malu, estender roupas ele faz, faz massagens, compra alimentos saudáveis e não mostra o cansaço! Meu marido é o cara, é humano e tem olhar, enxerga o outro com respeito; Tem também a professora querida da escola onde trabalho que toda segunda me espera para me dar carona até o terminal, para que eu não precise subir as ladeiras da Vila Madalena, ela que sempre pergunta como estou, que sorri; tem o colega professor que traz salada orgânica e divide comigo na hora do almoço, que se propôs a levar comida para mim, porque percebeu a minha desorganização e falta de amor pela cozinha e quer ajudar; Tem as meninas do grupo do whatsapp que vivem com palavras de amor e incentivo, preocupadas e carinhosas; Tem meus alunos, que sempre perguntam como estou, como está o bebê e querem saber todas as informações referente a gestação! Tem gente boa nessa vida, tem. Amém! E sou muito agradecida, mas por favor sociedade... melhora vai.

Quer obter melhores informações sobre as leis que cobrem as gestantes?! Clique aqui.






Grande beijo,

Por Carol Araújo.