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terça-feira, 1 de março de 2016

SER MÃE, SER TURBILHÃO

Quando me tornei mãe, um frio na barriga, um buraco mesmo era o que sentia. São tantas sensações misturadas, um "bum", tudo de uma vez.
Pensando aqui que a gente tem que dar conta, né? Não adianta dizer que não. Temos obrigatoriamente que dar conta.
Estou com dois filhos, a Malu (5 anos) e o Chicão (recém chegado). Tive a ajuda do meu marido até domingo passado, uma baita ajuda. Ele é pai presente, me ajuda com as medicações do pequeno, troca fralda, dá banho, bota Malu para dormir, leva para cama quando durante a madrugada ela insiste em deitar com a gente, faz almoço, faz janta, passa café. Sou muito agradecida por tê-lo ao meu lado. Mas, querendo ou não me sinto no meio do turbilhão.
Muitos quilos acima do peso, corpo quebrado, leite nos seios, sono constante... Corro para ir ao banheiro, tomo banho pela metade, a cria chora de fome! A Malu chora de manha, chora por atenção, briga para não dormir, briga para tomar banho, para acordar, briga, chora, chora, briga.
Estresse na cabeça, medo pelo pequeno ter que voltar ao hospital, as medicações. Corro com o café, como pela metade, não como. As horas voam, os dias correm!
Malu precisa do almoço, precisa de atenção, Chicão chora, tem fome, precisa trocar as fraldas, ainda tem o banho.
A casa nunca está em ordem, mesmo tentando mantê-la...
Escrevo enquanto o bebê dorme, Malu brinca, canta ao mesmo tempo... espero o marido chegar. Pronto, o dia acabou, ops, não, não acabou! A madrugada ainda vem por aí, acordo para amamentar, sonho em pedaços, tudo fragmentado.
Telefones tocam, nunca os atendo, pessoas querem novidades, querem um pouco de tempo, tempo que eu nunca tenho.




Por Carol Araújo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

UMA MÃE, UM PARTO E O NASCIMENTO DE UM GUERREIRO

Estava eu lá por meados de maio/15, achando que não poderia ter mais filhos, que estaria com endometriose e preocupada com a situação. Semanas depois lá ia eu descobrir que estava grávida novamente, já de 14 semanas! Foi um susto misturado com medo e felicidade. A partir daí resolvi mudar o nome do blog para "Malu não é mais filha única".
Fiz todo o pré-natal da maneira mais adequada possível, fazendo os exames necessários, tomando as vitaminas e atualizando a carteira de vacinação. Tive infecção urinária, o que é comum em muitas gestantes, mas tratando com os medicamentos indicados pelo obstetra.
Sempre senti que estava grávida de menino - foi assim na primeira gestação, quando tive a Malu, sabia que era uma menina, por mais que tivesse dúvidas - e tive muitas dúvidas, também sabia que ele viria antes da hora, não sei porque, mas sabia, vai entender.
A alguns anos atrás, vi um programa falando sobre a Cassia Eller e nele ela chamava o filho pelo apelido "Chicão", achei tão bacana e carinhosa a forma como ela o tratava que guardei lá no fundo da minha cabecinha oca. Mais tarde, já grávida do segundo filho, diante da dúvida do nome, surge essa lembrança à memória, comentei com meu marido o que ele achava do nome Francisco, ele gostou, mas ainda ficamos em dúvida... Aí pensei em Chico Buarque, em Chico XavierSão Francisco de Assis, no Papa Francisco (o melhor Papa de todos) e como uma boa geógrafa que sou no rio São Francisco, rio esse tão importante para nosso país, rio nordestino, me faz lembrar as raízes da minha família. Pronto, estava decidido o nome! Mais para frente, iria eu entender que a escolha desse nome não foi a toa! Nada nessa vida é por acaso, aprendi isso minha gente.
No dia 7 de dezembro de 2015, pela madrugada, comecei a sentir uns incômodos, fiquei atenta. Às 6h da manhã acordei o Matheus avisando que estava com contrações de 10 em 10 minutos e um pouco de dor, decidimos levar a Malu para a escola e de lá ia para o meu obstetra, caso não estivesse bem iria direto para a maternidade que havia escolhido para o parto. Às 7h30 não conseguia mais me levantar, saímos às pressas e no meio do caminho meu marido, desesperado, resolveu não fazer o combinado e paramos direto no Hospital Cruzeiro do Sul, aqui da cidade onde moro. Melhor escolha possível!
Entrei de cadeira de rodas, não conseguia levantar. Fui atendida no PS pela Dra. Eliana, ela fez um exame de toque, minha barriga estava dura, depois procurou o batimento cardíaco do bebê e não encontrou. Correu comigo para fazer um ultra-som, o médico fez um doppler e detectou 80% da placenta descolada (descolamento de placenta) e o pequeno estava sofrendo muito dentro de mim, eu não havia sangrado, meu sangue tinha coagulado. Então ele me disse "Daqui para frente é um milagre mãe". Então eu chorei.
Dra. Eliana correu comigo, não desistiu, dentro do elevador me trocaram e me levaram às pressas para a sala de cirurgia (tudo estava pronto, o obstetra de plantão estava preparado, a anestesista também). Eu senti me cortarem, senti o bebê saindo, mas não o vi, depois disso desmaiei, dormi, sei lá eu! Quando acordei, achei que era um sonho, então percebi que já estava sendo costurada. Depois disso, pós-parto, coração apertado, só sabia que ele estava vivo, haviam me informado.
Oito horas depois conheci o Chicão, estava lá meu pequeno, nascido um mês antes do previsto, numa encubadora, entubado, com eletrodos. Tínhamos 72h para saber se ele sobreviveria, foram as piores horas da minha vida e ao mesmo tempo as melhores, vi que estava sendo amparada pela família, por amigos de todos os lados, por desconhecidos e pela equipe que estava assistindo meu grande Chico.
Ele sobreviveu feito um guerreiro!
Logo ao nascer teve uma parada cardíaca, depois seus órgãos pararam de funcionar, seu cérebro sangrou e um mundo de outras coisas aconteceram. Passada as 72h, descobrimos que o pequeno estava tendo convulsões, logo detectaram hidrocefalia, teria que passar por uma cirurgia.
Peguei meu pequeno no colo 13 dias depois de seu nascimento.
Não consegui ter uma recuperação puerpério, tinha que ir todos os dias para o hospital, tirar leite, ele tomava pela sonda.
No começo de janeiro ele fez uma cirurgia, passei o dia inteiro ansiosa, Matheus não estava ao meu lado, tinha voltado ao trabalho. Mentalizamos fortes vibrações, muitas orações, correntes de pensamentos positivo! Quando voltou da cirurgia estava catatônico, tendo novas convulsões, chorei debaixo do chuveiro, muito, forte, ninguém viu.
Depois uma infecção intestinal que o deixou muito abalado, magrinho, perdeu muito peso. Nunca senti meu coração tão apertado, tão doído.
Mas todo Chico é guerreiro, faz história, surge das cinzas, vira chamas, nasce feito fênix!
Meu pequeno melhorou, se desenvolveu, todos movimentos intactos, mamando no peito, na mamadeira e muito mais.

 Aretha (fonoaudióloga)
 Malu feliz em ver o irmão.
 O dia da alta, parte da equipe da tarde junto com a Dra. Marisa.
 Dr. Renato
 Pat (Fisioterapeuta)
Essa é a profissional mais dedicada, mais capacitada, mais querida de todo o Brásil, rs! Dra. Marisa, muito obrigada pelos cuidados e pelo carinho.

Foram 2 meses e 17 dias, todos os dias indo para o hospital, tirando leite, comendo no bandejão, conhecendo novas mães, novas famílias, criando novas amizades. Foram 2 meses e 17 dias convivendo com uma equipe maravilhosa, com profissionais preparados, cheios de amor pela profissão. Pediatras, enfermeiras, técnicas de enfermagem, fisioterapeutas fonoaudióloga, as meninas do lactário, do bloco A e do bloco B, as recepcionistas, todas lindas, inesquecíveis! Meu filho foi muito bem amparado, foi amado e eu confiei ele à essa equipe. Dra. Marisa e suas anjas, só amor por vocês!
Hoje, Chicão, como ele é conhecido por todo hospital, está com 4kg, chegando aos 3 meses e a quase uma semana na nossa casa, no nosso ninho, debaixo das minhas asas, se alimentando do meu seio. Será supervisionado por profissionais do grupo "Bebês de Rico" (para bebês prematuros) da AACD. Estamos mais tranquilos!
Claro que ele será acompanhado por neurologistas, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, oftalmologistas até sabermos como será seu futuro, mas diante de tudo que passou isso é tão pouco, não é verdade?!
Agradeço também a todos que entraram em contato comigo, via whatsapp, facebook, telefone, pessoalmente, espiritualmente! Amo vocês.