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sábado, 26 de abril de 2014

O PARTO

O significado no dicionário já diz "Ato de parir, de dar a luz. Esforço desmedido, o resultado desse esforço". Quando descobri que estava grávida foram muitas coisas que passaram  por minha cabeça. Conforme os meses iam passando, o que mais me preocupava era o tal do parto. Quando seria a hora? Saberia eu os sinais? O parto, seria normal? Iria resistir à dor?
A cabeça girava em torno de tantas dúvidas. Diante disso procurei ler e conversar bastante com pessoas mais experientes que eu, que já tinham filhos. Além de fazer direitinho o Pré-Natal [onde aproveitava para tirar todas as minhas dúvidas com a própria médica].
Na minha penúltima consulta fui linda e barriguda de ônibus e cheguei com três dedos de dilatação. Minha médica ainda solta "nossa, já dá para ver até os cabelinhos!", imaginem como fiquei? Pensei que já ia parir ali mesmo, rs. E para voltar para casa? Mas as coisas não funcionam assim, não é verdade? Ela depois me explicou que para internar precisava estar com pelo menos cinco dedos e com contrações de 10 em 10 minutos. Então ela me pediu para voltar para casa e quando estivesse com esses sintomas que retornasse ao hospital, caso não, deveria voltar na outra semana, minha última consulta.
Sabendo da noticia resolvi passar a última semana de melancia na casa de meus pais para não ficar sozinha. Matheus foi para lá no fim de semana, caso parisse ele já ficaria comigo dali mesmo, rs.
Na madrugada do dia 13/12/2010, comecei a sentir contrações que me incomodavam mesmo, elas iniciaram de 20 em 20 minutos. Resolvi avisar o Matheus que decidiu dormir comigo, então nem foi trabalhar. 
Ele me levaria ao hospital junto aos meus pais, dez horas após essa situação. às 16h00m desse mesmo dia tinha a minha última consulta de Pré-Natal.
Nesse dia não fui atendida por minha médica [Fernanda], ela havia me avisado com antecedência que não estaria comigo. O outro médico, Wu, me atendeu de maneira um tanto debochada, pois como estava com contrações de 10 em 10 minutos, ele achava que não havia chegada a hora! Mas no exame de toque, quando viu que eu estava com cinco dedos de dilatação se arrependeu e me mandou correndo para o Pré-Parto umas 17h30m e ali esperei por seis horas, ansiosas horas, pois não imaginava como seriam os procedimentos. Não tinha noção nem se a minha bolsa havia estourado. Então descobri que não, quando o médico e a enfermeira vieram até mim com um objeto parecido com uma agulha de crochê, que serviu para romper a minha bolsa. E a partir daí meus amigos, o negócio ficou tenso, pois foi aí que comecei a sentir dor de verdade. Comecei a gritar, era involuntário.
Matheus numa sala no fim do corredor ouvia meus gritos. Senti vergonha...
O médico responsável pelo meu parto [Paulo], veio até mim com um ar todo engraçadinho e disse "mas, Carol, por que está gritando assim?! Parece até aqueles sons de motel... Assim você assusta as outras meninas".
Na hora me senti constrangida, mas sublimei, afinal de contas, a dor era tanta que não dava para me apegar a isso. Então fui finalmente para a sala de parto receber a anestesia [raqui] e parir! Era uma sala fria, e eu sentia fome. Só depois que a Malu já estava pronta para sair que o Matheus foi autorizado a entrar. Em menos de alguns minutos senti algo quente em minha barriga... Era a pequena, ela havia nascido. Ouvi seu choro e a primeira coisa que notei foi o nariz, assim como as enfermeiras, veio como pedi, igual ao do pai, rs! Olhei para o Matheus e vi em seu olhar como ele me agradecia por aquele momento.
Ele ficou ao lado dela em todos os procedimentos, esperávamos ansiosos pelo Teste de Apgar, ela tirou nota 10!
Só pensava em como ela era linda e agradecia a Dios por ter dado tudo certo, por ela ser saudável e estarmos bem.
Assim, Malu e eu fomos para o Pós-Parto, onde tive que me separar por um tempo do Matheus. Malu sugava meu peito sem ao menos eu saber se havia leite nele. Eu sentia fome...
Finalmente, fomos conduzidas ao quarto, nisso o Matheus veio até nós. Era minha família e eu.
Passei três dias internada, quando entrei na maternidade fazia uma calor típico de verão de Dezembro. Durante os longos dias de internação e três pontos lá o tempo esfriou e choveu, parecia outono. Um clima bucólico...
Lembro da equipe de enfermagem, a noturna era mal-humorada, todas chatas de galocha, ficava tensa com a presença delas. Já com as outras foi tudo de bom! Me animavam, me estimulavam a amamentar, a andar, ensinaram a dar o banho [Matheus deu o primeiro banho e trocou a primeira fralda].
Meu parto foi normal, com anestesia, não sei se suportaria sem, creio que não. Hoje leio sobre outros tipos de parto, só me lembro que não queria cesárea de forma alguma. Nada de programar parto, minha vontade era de que a Malu nascesse na hora dela.
Acho lindo mulheres que se dedicam ao parto natural, feito em casa, na água. Não sei se sou mulher suficiente para isso, rs.
O importante é termos direito de escolha, direito de optar em como queremos que nossos filhos nasçam. Eu vou querer sempre que seja normal! A criança vir no momento dela. A gente supera medos, a gente se doa à gestação, e se está tudo bem por que não escolher?
Sonho apenas que até eu ter outro filho as situações e procedimentos em relação ao parto e as parturientes no país se tornem mais humanas. Um sonho?
Já ouvi tantos relatos de partos desumanos, de situações constrangedoras e maus-tratos, que a piadinha infame que ouvi do médico é irrelevante.
Diante disso quero apresentar a todos o projeto 1:4, que retrata de forma grandiosa a violência obstétrica no país. Espero que possam conhecê-lo e divulgá-lo, afinal é um projeto que visa o bem estar das parturientes e de seus bebês, para que escândalos como o caso da moça que foi levada pela policia e obrigada a fazer uma cesárea não ocorra mais.
Chega a ser até interessante... Conheci muitas pessoas no período em que trabalhei num laboratório de ensino na Universidade de São Paulo, dentre essas um rapaz chamado Vladmir. Dentre as conversas sobre projetos, referencias bibliográficas, também falamos muito sobre o cotidiano, sobre a vida e no meio dessas conversas ele mencionou o trabalho de sua irmã Carla Raiter, que meses à frente descubro ser a organizadora e fotógrafa do projeto 1:4. Como a vida é maluca, e linda! É imprescindível que esse projeto seja bem divulgado, tudo por mais amor e mais humanidade antes, na hora e depois do parto. 
Vamos às fotos!
 Minha escritora favorita.
 Um cantinho valioso para a pequena.
 Adora giz de cera.
 Meu presente de dia das mães do ano passado foi para a parede do quarto dela.
 Um  pouquinho do cantinho dela.
 Livros são importantes e fundamentais para nossos filhos.
 Olha que fofurinha?! Linda, não?
 Com o primo querido Zezé.
 Me lembrem de nunca cozinhar em períodos menstruais...
Nosso calendário do mês de abril que confeccionamos.

Gostaram?
E o vídeo que selecionei para todos nós é forte, mais é lindo. Uma mulher num parto natural!
Por Carol Araújo.

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